Apesar do aumento no número de bilionários no Brasil que passou de 61 para 69 em 2024, com um patrimônio conjunto de US$ 230,9 bilhões , a filantropia familiar ainda é limitada no país. Um estudo do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), com base em dados do GIFE, revelou que as doações de famílias ricas somaram apenas R$ 388 milhões em 2022, o equivalente a 8% do total investido em causas sociais no período.
A publicação mostra que o investimento social privado cresce em ritmo bem inferior ao aumento das grandes fortunas. A filantropia familiar enfrenta desafios como a desconfiança nas organizações sociais, burocracia nos incentivos fiscais e falta de conhecimento sobre causas relevantes.
Exemplo disso é Ticiana Rolim Queiroz, herdeira de uma construtora cearense, que decidiu deixar o mundo corporativo para se dedicar integralmente a causas sociais. Ela criou a "Somos Um", que fomenta negócios de impacto no Nordeste, e passou a investir em sustentabilidade e energia limpa, retirando recursos de empresas como Vale e Petrobras.
O IDIS entrevistou 35 filantropos que doam mais de R$ 5 milhões por ano. Além dos entraves já citados, o estudo identificou a preferência por discrição e conflitos geracionais nas famílias doadoras. Enquanto os mais jovens, especialmente mulheres, demonstram maior abertura à inovação e causas atuais, os mais velhos preferem prudência e controle.
A principal causa apoiada no país é a educação, mas o meio ambiente vem ganhando espaço. Para ampliar a cultura de doação, o IDIS propõe ações como capacitação de conselheiros, fortalecimento da governança, criação de espaços de troca e melhoria no ambiente regulatório e fiscal.
Postado 17/07/2025