A partir de 1º de agosto, o Brasil passa a adotar oficialmente a mistura de 15% de biodiesel no diesel convencional (B15). A medida deve gerar R$ 5,2 bilhões em investimentos, criar mais de 4.000 empregos diretos e indiretos e reduzir a emissão de 1,2 milhão de toneladas de CO₂ por ano, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME).
Além dos ganhos ambientais e econômicos, o B15 também deve acrescentar 1 bilhão de litros ao volume de biodiesel comercializado em 2024. A principal matéria-prima usada será a soja, que representa 74% da produção nacional de biodiesel.
Pesquisadores da UFRJ e especialistas do setor destacaram que a nova mistura também deve salvar vidas. Estudos da USP indicam que, com o B15, 348 mortes por doenças respiratórias serão evitadas anualmente, superando as 240 já prevenidas com o B10.
O programa também prepara o caminho para o B20 até 2030, conforme prevê a Lei do Combustível do Futuro, que estipula aumento gradual da mistura em 1% ao ano, caso haja viabilidade técnica.
Apesar de alguns desafios, como baixas margens no esmagamento da soja e a possibilidade de impacto nas compras internacionais do grão, especialistas afirmam que não há risco para o abastecimento do B15, com a previsão de uma safra recorde de 170 milhões de toneladas de soja.
O setor alerta, porém, para a necessidade de fiscalização rigorosa para evitar adulterações. Para isso, novas tecnologias como espectrofotômetros portáteis estão sendo doadas à ANP, permitindo a análise rápida da composição do combustível em campo.
Além do biodiesel, o Brasil também se destaca na transição energética, com 48,4% de sua matriz energética proveniente de fontes renováveis, frente à média global de 15%. Em 2023, o país foi o sexto maior destino de investimentos em bioeconomia, segundo a Bloomberg.
A ampliação do biodiesel também gera coprodutos valiosos, como a glicerina, que pode beneficiar a indústria química nacional e reduzir custos com importações.
Postado em 07/07/2025